17 de maio de 2016

A estética de “2046 - Os segredos do amor” e “Um beijo roubado” de Wong-Kar-Wai

Wong-Kar-Wai é um dos principais nomes do cinema contemporâneo chinês, sendo cada vez mais reconhecido ao redor do mundo assim como consagrado pelos mais importantes festivais de cinema.


O diretor, graduou-se em design gráfico pela Hong Kong Polytechnic School e após se inscrever na Hong Kong Television Broadcasts (TVB) passou a trabalhar como assistente de produção e roteirista.

Wong usa em boa parte de seus filmes a estética, solidão e sua relação com a realidade e com o tempo. As obras que abordam bem essa temática é “2046 - Os segredos do amor” (2004), e “Um beijo roubado” (2007).


Primeiramente “2046 - Os segredos do amor” é o oitavo longa-metragem de sua carreira, o filme levou quatro anos para ser concluído e é tido como o último filme de uma trilogia que teve antes “Dias selvagens”, de 1991 e “Amor à flor da pele”, de 2000. Tem como gênero drama e duração de 2h7min, nele conta a história de um escritor chamado Chow Mo-Wan (Tony Leung Chiu Wan) que retorna a Hong Kong para escrever um romance de ficção científica sobre um misterioso trem, altamente tecnológico, que transporta os passageiros para o ano de 2046.


Em “Um beijo roubado”, seu primeiro longa-metragem em inglês, com o gênero drama romântico e duração de 1h35min, teve como atriz principal a cantora de jazz e vencedora do Grammy, Norah Jones.

No filme Elizabeth (Norah Jones) descobre que está sendo traída e rompe com o namorado, irritada ela vai até uma lanchonete e conhece Jeremy (Jude Law), mas mal sabe ela que uma simples chave irá faze-lá se apaixonar novamente.


Alguns elementos utilizados neste dois filmes são a exploração de elementos visuais, em enquadramentos, cores, iluminação, texturas, embaçamentos, névoas e fumaças.


No primeiro filme, Wong usa suas experiências reais para a construção dos personagens. O primeiro plano, ele usa o enquadramento dos personagens no lado direito e no lado esquerdo cores escuras, ou mostrando detalhes do cenário. A trilha sonora vai e volta, usando a mesma música em situações diferentes, mas tendo a mesma sintonia.

Já no segundo filme a câmera filma o personagem na vertical e na horizontal para vermos como está se sentindo. A música é a mesma do filme “Diários de motocicleta”. 


Na fotografia havia cenas com cor, embora seja escuro, as imagens eram desfocadas e as câmeras geralmente ficavam escondidas.
Há uma metáfora no pote em que Jeremy guarda as chaves das pessoas que já passaram na lanchonete, pois também guarda histórias e esperanças de que as pessoas voltem para buscar as chaves e que as histórias se fechem.


As luzes, os objetos, enquadramentos e os diversos outros elementos estéticos estão sempre ligados ás sensações que se passam na narrativa.

Para a criação de uma nova relação com a realidade, Wong utiliza os elementos estéticos e recorta o tempo e o espaço com montagens cheias de flashbacks, mudanças de velocidade, elipses e descontinuidades. Mistura o passado, presente e futuro, repetem-se cenas, criam-se buracos no tempo.

Suas obras falam de perdas, de passado que nunca volta, da dor que o tempo pode deixar nas pessoas, personagens que partem deixando outro apaixonado à espera ou desolados.


Dá a entender que o diretor quer nos passar uma mensagem sobre o tempo, como o uso do trem em suas obras, pois o trem remete ao deslocamento que fazemos de um lado para o outro, mostrando que estamos insatisfeitos com a nossa posição na vida.

Nenhum comentário :

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...
Layout criado por